quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Capitulo VII - 25 de Abril Sempre



Para as gerações mais novas este tema poderá pouco ou nada significar, uma vez que apenas se recordam desta data por causa dos espectáculos que decorrem à borla um pouco por todo o lado. Mas nos ferverosos anos 90, para o people o significado era precisamente o mesmo, apenas nos interessavamos em ir para Odemira por causa das luzes de todos os eventos ai decorrentes. Nestas incursões para essa maravilhosa e mitica localidade, como não existiam muitos transportes disponíveis, o people era unido e ia tudo em conjunto. Nessa altura, tinhamos o “patrocínio” de uma casa comercial de Garvão cujo transporte em parte nos era garantido, e toda a frota servia para nos garantir tal acesso, mesmo que alguém tivesse que ir tapado por mantas na parte detrás dos carros comerciais para não dar muito nas vistas. Lol. Para repasto levavamos latas de salsichas em formato XXXXL, grades de mines e um fabuloso brandy chamado L34, o qual era expressamente proibido aproximar de qualquer fonte de combustão, porque era melhor do que qualquer solução que hoje em dia exista no mercado para atear fogareiros e afins. Lol
Agora que o enquadramento social e alcoólico já se encontra feito, vamos passar a relatar algumas histórias mirabolantes passadas nessa localidade por ocasião do 25 de Abril.
Episódio 1 – Os poderes do L34 - A noite estava cerrada por nuvens, e São Pedro preparava-se para fazer das suas, mas tal cenário não demoveu o people e fomos todos para Odemira. Não me recordo o nome da banda que estava a actuar, apenas sei que eram ingleses e estavam numa onda de pop rock, mas o people do grupo encontrava-se todo a curtir em frente ao palco. Sem que ninguém o prevesse (Lol) começou a chover como quem derramava cântaros, e como evidente todas as pessoas normais procuraram um resguardo para não se molhar. Mas tal não aconteceu na totalidade, porque duas “almas penadas” ficaram à frente do palco a curtir o som, como senão existisse amanhã. E o vocalista da banda apenas dizia, “Vocês são um público maravilhoso, não desistam”. O resto dos invejosos que assistiam ao espectáculo, ao verem tamanha manifestação de jubiloso por parte daquelas duas almas, resolveram deixar de lado os seus preconceitos e acabaram por se fazer também à chuva, tendo acabado tudo num frenesim de lama. No meio dessa confusão, uma chave de carro foi perdida, mas alguém a encontrou com a maior das naturalidades, porque o brandy L34 para além de ajudar a fazer iluminação de palco, dava um visão bastante apurada. Lol
Episódio 2 – A salvar vidas - Era de tarde e perante a possibilidade de São Pedro preparar mais uma das dele, a organização resolveu passar o espectáculo agendado para noite, para o interior do cine teatro de Odemira. Na altura o espaço era acolhedor e intimista, dai ter havido a necessidade de um dos elementos do grupo ter ficado a aguardar por lugar na fila. Quando as portas abriram, surgiram cerca de vinte novos elementos a mais na fila porque quem estava a ocupar o lugar representava estes todos. Com o poder de negociação que o people tinha não houve desacatos e todos perceberam perfeitamente que tinhamos que entrar fosse a bem ou fosse a mal Lol. Já nos esqueciamos de referir qual o concerto que fomos assistir, não sei se o projecto ainda existe na actualidade, mas tratava-se dos Lua Estravagante, grupo o qual era composto por uma presença feminina, Filipa Pais, e tinha como cantores o Vitorino e o seu irmão Janita Salomé. Quanto ao reportório incidiam bastante em temas de Zeca Afonso e temas de intervenção, cujo enquadramento estava bastante bem, para o tipo de comemoração que se vivia.
Iniciado o concerto, a primeira fila do cine teatro era totalmente composta por malta de Garvão, mais os amigos que os acompanhavam. Como esta geração se encontrava bastante familiarizada com aquele tipo de som, e sobretudo com as letras, toda o people acompanhou o grupo em todos os temas. Mas aqui que ninguém nos ouve, deixem dizer-vos que a presença da Filipa Pais, na altura inspirava qualquer trovador por mais desafinado que fosse. Lol
Perante tamanha aceitação por parte da primeira fila, dois dos cantores (Filipa Pais e Vitorino) ficaram bastante admirados e até se manifestaram de forma agradada pela nossa presença. Passado algum tempo, conseguimos obter uma reacção do Janita Salomé, após ele ter visto uma espécie de isco passar de mão em mão na primeira fila, o que o fez ficar parado no palco e de boca aberta e a pedir encarecidamente que a garrafa de gin lhe chegasse também ás mãos. Como o people era tudo boa gente, sem qualquer problema acabamos por enviar a garrafa para cima do palco e ajudamos a salvar uma vida humana.
Episódio 3- Bom filho à casa torna- todos os anos em que nos dirigiamos a Odemira havia sempre alguém que se perdia, o que era tão natural como a nossa sede; não existiam telemóveis nem outras tecnologias, apenas os gritos e esperas permitiam a malta encontrar-se depois dos afazeres. Mas acabámos sempre por trazer todos os filhos de regresso a casa. Lol
Só por causa da malta regressar sempre a casa são e salvos, podemos hoje dizer 25 de Abril Sempre

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